Juros do crédito rotativo estão mais baixos em 2024: Confira o que muda.

Governo acabou conseguindo aprovar um limite para quem não faz o pagamento integral da fatura.

Publicado em 04/01/2024 por Rodrigo Duarte.

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Desde o começo deste ano de 2024 está valendo uma nova regra referente aos juros cobrados do crédito rotativo dos cartões de crédito. Depois de uma longa negociação entre o governo federal e as instituições financeiras que emitem os cartões de crédito, foi definido um limite máximo da taxa de juros, que a partir deste ano não podem superar a casa dos 100%. Esta medida visa proteger mais de 50 milhões de brasileiros que utilizam cartões de crédito regularmente.

Juros do crédito rotativo estão mais baixos em 2024: Confira o que muda.

Por exemplo: se a dívida original for de R$ 100; o valor total a ser pago pelo cliente, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 200. Acabam não entrando neste cálculo outros custos que podem acabar incidindo nestas operações, como o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Esta limitação representa uma mudança significativa no mercado, considerando que anteriormente uma dívida de R$ 100 poderia chegar a R$ 531 em apenas um ano.

A medida acabou se tornando necessária, na avaliação do governo, por ter sido uma linha de crédito que acabou perdendo o controle dos custos, se tornando a mais cara dentre todas as disponíveis. Ao final do mês de dezembro, a média dos juros que estavam sendo cobrados no rotativo pelas operadoras dos cartões chegou a 431,6% ao ano. Para efeito de comparação, a média das taxas de juros do cheque especial está em 153% ao ano, e do empréstimo pessoal em 89% ao ano.

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A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de limitar os juros do rotativo foi anunciada em dezembro. O texto havia sido aprovado pelo Senado em outubro e, em seguida, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Estimativas do Banco Central indicam que esta medida pode beneficiar diretamente mais de 12 milhões de brasileiros que utilizam regularmente o crédito rotativo.

Como funciona o crédito rotativo?

O cartão de crédito é atualmente um dos métodos de pagamento mais utilizados pelos brasileiros. O que antes era uma ferramenta utilizada apenas para as compras feitas em determinados estabelecimentos mais caros ou ainda na compra de bens que precisavam ser parcelados, hoje representa mais de 40% de todas as transações comerciais no país.

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Na prática, tirando custos como anuidade, os clientes não pagam nada para utilizar seus cartões de crédito no dia a dia. Apenas determinadas lojas optam por cobrar os juros dos parcelamentos dos clientes, sendo que muitas empresas acabam incorporando este custo nos preços dos seus produtos, como uma forma de atrair mais clientes. Estudos mostram que estabelecimentos que aceitam cartões de crédito podem aumentar suas vendas em até 30%.

Mas, a partir do momento que o cliente recebe a fatura do seu cartão de crédito na sua casa, ele acaba tendo a opção de realizar o pagamento integral de tudo o que foi gasto ou então realizar um pagamento mínimo da fatura, definido a partir de um percentual do total. Quando os clientes fazem isso, o restante da fatura que não foi pago acaba entrando no chamado limite de crédito rotativo. Atualmente, o pagamento mínimo exigido é de 15% do valor total da fatura.

É sobre este valor que incidia a mais alta taxa de juros do mercado, ficando acima dos 40% ao mês em muitos casos. Em 2017, em virtude de uma verdadeira bola de neve que estas dividas poderiam se tornar na vida dos consumidores, o Banco Central já estipulou uma regra, afirmando que o rotativo só pode ser usado até o vencimento da fatura seguinte do cartão, ou seja, uma média de 30 dias. Dados mostram que cerca de 35% dos usuários de cartão de crédito já utilizaram o rotativo pelo menos uma vez.

As empresas passaram a oferecer opções de parcelamentos das faturas para os clientes. Mesmo com os juros altos, esta opção acaba se tornando mais interessante, pois permitia que os clientes acabassem tendo maior controle das suas despesas, já que o parcelamento oferece parcelas fixas. As taxas de juros para parcelamento de fatura variam entre 5% e 12% ao mês, dependendo da instituição financeira.

Dicas para se sair do crédito rotativo

Acompanhe o fator da fatura – Antes de mais nada, as pessoas devem acompanhar de perto o valor da fatura do cartão de crédito conforme ela vai aumentando. Com isso, as pessoas acabam evitando ter surpresas a partir do momento que ela vai apenas passando o cartão para fazer os pagamentos, sem ter controle do que está sendo gasto. Hoje em dia os aplicativos dos cartões acabam tornando isso muito mais fácil. Estabeleça limites mensais de gastos e configure alertas no aplicativo quando atingir 70% do limite planejado.

Busque a renegociação – Para as dívidas que já estão consolidadas, é muito importante que o cliente busque uma forma de renegociar o que já está no crédito rotativo, para preparar o terreno para os pagamentos sendo feitos de forma planejada. Muitas operadoras oferecem parcelamentos das faturas que estão atrasadas. Com a nova regulamentação, os bancos são obrigados a oferecer condições mais favoráveis de renegociação, com taxas que podem chegar a 1,99% ao mês.

Busque créditos mais baratos – Em determinados casos, quando o cliente ainda possui crédito no mercado financeiro, pode ser interessante buscar opções mais baratas para quitar dívidas que são consideradas mais cartas. Empréstimos pessoais ou consignados, por exemplo, tendem a ser opções mais baratas do que os juros do cartão de crédito. Portanto, pegar um empréstimo para quitar essas dividas pode ser algo interessante. O empréstimo consignado, por exemplo, possui taxas médias de 1,8% ao mês, enquanto o crédito pessoal pode variar entre 2,5% e 5% ao mês.

Utilize ferramentas de controle financeiro – Existem diversos aplicativos gratuitos que ajudam no controle dos gastos do cartão de crédito. Registre todas as compras e categorize os gastos para identificar onde é possível fazer cortes ou reduções. Um bom planejamento financeiro pode reduzir em até 30% os gastos mensais desnecessários.

Considere a portabilidade de dívida – Muitos bancos oferecem condições especiais para clientes que transferem suas dívidas de outras instituições. Compare as taxas oferecidas e verifique a possibilidade de transferir o saldo devedor para um banco que ofereça melhores condições de pagamento. A portabilidade pode reduzir os juros em até 50% em alguns casos.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.