'Uma Linda Mulher': 35 Anos do clássico que revelou detalhes surpreendentes

Descubra os segredos fascinantes por trás de "Uma Linda Mulher", o filme que catapultou Julia Roberts ao estrelato e redefiniu as comédias românticas para sempre.

Publicado em 25/03/2025 por Rodrigo Duarte.

Anúncios

Quando a Disney lançou "Uma Linda Mulher" em 23 de março de 1990, ninguém poderia prever que uma história sobre uma prostituta de bom coração interpretada por uma atriz em ascensão chamada Julia Roberts se tornaria um dos filmes mais queridos de todos os tempos. Originalmente intitulado "$3.000" – referência ao valor que Richard Gere paga à personagem – o roteiro inicial de J.F. Lawton era muito mais sombrio e realista.

Longe do conto de fadas que conhecemos, a versão original não tinha final feliz. Segundo reportagens da Vanity Fair, o final mostrava Vivian viciada em drogas em um ônibus para a Disneylândia, olhando fixamente para o vazio após Edward expulsá-la de seu carro. Foi necessária a visão do lendário diretor Garry Marshall para transformar essa narrativa crua em uma das histórias de amor mais memoráveis do cinema.

Produzido com um orçamento de apenas $17 milhões, o filme arrecadou mais de $460 milhões mundialmente, recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro e transformou Roberts em um nome familiar. Até hoje, permanece como a produção com classificação R de maior bilheteria da Disney, provando que há espaço para histórias complexas mesmo nos contos de fadas modernos.

'Uma Linda Mulher': 35 Anos do clássico que revelou detalhes surpreendentes
Créditos: Reprodução

O Elenco que Quase Foi: As Estrelas que Recusaram os Papéis Principais

Anúncios

Julia Roberts pode ser sinônimo de Vivian Ward hoje, mas "quase todas as atrizes da cidade" desejavam o papel, segundo Diane Lane, que precisou recusá-lo devido a conflitos de agenda. Nomes como Daryl Hannah, Winona Ryder, Jennifer Connelly, Jennifer Jason Leigh, Mary Steenburgen e Molly Ringwald foram considerados para o papel.

Ringwald, inclusive, não se arrepende de ter passado a oportunidade. "Julia Roberts foi maravilhosa, mas eu não gostava muito da história", explicou ao The Guardian. "Mesmo naquela época, senti que havia algo desconfortável sobre o enredo." Meg Ryan também recusou o papel, que foi sua segunda chance perdida de um papel que renderia a Roberts uma indicação ao Oscar.

Anúncios

Do lado masculino, antes de Richard Gere aceitar interpretar Edward Lewis, nomes como John Travolta, Christopher Reeve, Kevin Kline, Denzel Washington e Sylvester Stallone foram considerados. Inicialmente, Garry Marshall imaginava Al Pacino e Michelle Pfeiffer nos papéis principais, o que teria resultado em um filme completamente diferente e possivelmente mais fiel ao roteiro original.

  • Atrizes que fizeram teste: Daryl Hannah, Winona Ryder, Jennifer Connelly
  • Atores considerados: John Travolta, Christopher Reeve, Kevin Kline
  • Escolha inicial do diretor: Al Pacino e Michelle Pfeiffer

Momentos Icônicos que Nasceram por Acidente

Algumas das cenas mais memoráveis de "Uma Linda Mulher" não estavam inicialmente planejadas. A famosa cena em que Edward apresenta um colar de rubis e diamantes a Vivian – aquele momento em que ele fecha a caixa abruptamente, assustando-a e provocando sua risada espontânea – foi na verdade uma pegadinha improvisada por Richard Gere.

O diretor Garry Marshall, querendo capturar uma reação genuína de Roberts, instruiu Gere a fechar a caixa de joias repentinamente durante uma das tomadas. A reação surpreendida e a risada sincera de Roberts foram tão autênticas que Marshall decidiu manter na edição final, transformando-o em um dos momentos mais adorados do filme.

Outro momento único ocorreu durante a cena da banheira. O banho de espuma que se tornou icônico acabou causando um desastre nos cabelos de Roberts. "No final do dia, o detergente havia removido toda a cor do meu cabelo", revelou a atriz à The Hollywood Reporter. "Tivemos uma emergência de coloração às 10 horas da noite por causa da banheira." Já na cena do piano, Richard Gere realmente está tocando o instrumento – uma composição original que acabou no álbum da trilha sonora.

Durante as filmagens da cena em que Vivian assiste a reprises de "I Love Lucy", Roberts tinha dificuldade para rir de forma natural. A solução? Marshall ficou fora das câmeras fazendo cócegas nos pés da atriz para conseguir aquela risada autêntica que vemos no filme.

O Figurino que Definiu uma Era

Os looks de Vivian Ward se tornaram tão icônicos quanto o próprio filme. Contrariando o que muitos pensam, com exceção de um par de sapatos Chanel, todos os figurinos foram criados especialmente para o filme pela figurinista Marilyn Vance e sua equipe, incluindo o famoso vestido vermelho da ópera e o icônico vestido com recortes.

Curiosamente, um dos looks mais memoráveis quase teve uma aparência completamente diferente. O estúdio queria que Vivian usasse um vestido preto para a cena da ópera, não vermelho. Foram testados três looks diferentes antes que Vance conseguisse convencê-los de que o vestido precisava ser vermelho para causar o impacto visual necessário.

O colar de rubis e diamantes que Edward apresenta a Vivian não era apenas um adereço de filme – era uma joia autêntica avaliada em $250.000, tão valiosa que uma equipe de segurança permaneceu no set durante toda a filmagem da cena. Já os ternos de Edward foram todos feitos sob medida para Gere, com Vance viajando até a Itália para encontrar o tecido perfeito.

E aquele famoso pôster do filme? Surpreendentemente, não é o corpo de Roberts! A cabeça da atriz foi sobreposta digitalmente ao corpo da dublê Shelley Michelle, uma prática comum em Hollywood, especialmente antes da era digital avançada.

A Química que Salvou o Filme

Richard Gere recusou o papel de Edward várias vezes antes de finalmente aceitar. O que o convenceu? Julia Roberts em pessoa. Quando Roberts foi levada a Nova York para tentar persuadi-lo, Marshall ligou para Gere para saber como estava indo. Durante a ligação, Roberts escreveu "Por favor, diga sim" em um Post-it e mostrou a Gere, que imediatamente aceitou o papel.

A química entre os dois era tão palpável nas telas quanto nos testes, que Marshall não conseguia imaginar o filme terminando de outra forma. "Definitivamente teria sido um filme diferente se fossem Al Pacino e Michelle Pfeiffer. Talvez fosse mais próximo do roteiro original e talvez não tivesse um final feliz", explicou à Vanity Fair. "Mas a química entre Julia e Richard é palpável na tela, foi palpável nos testes. Você realmente não consegue ver como poderia terminar de outra forma, porque eles simplesmente brilham juntos."

Curiosamente, a ópera que Vivian e Edward assistem juntos é "La Traviata", que conta a história de um homem que se apaixona por uma prostituta – uma referência nada sutil à própria trama do filme. Roberts, ainda novata no meio, estava tão nervosa para filmar as cenas íntimas que desenvolvia urticária. "Eu nunca tinha feito esse tipo de coisa antes e estava muito nervosa", contou Roberts à ABC News. "Eles diziam 'beije' e eu tinha uma urticária."

Apesar do enorme sucesso, o diretor e os protagonistas fizeram um pacto de nunca produzir uma sequência. "Fizemos um pacto há muito tempo [atrás] – quando fizemos o filme", revelou Marshall ao Today. "Dissemos que não faríamos 'Uma Linda Mulher 2' a menos que todos fizéssemos juntos." Embora não tenham feito uma sequência, o trio se reuniu para outra comédia romântica em 1999: "Noiva em Fuga".

O Legado Duradouro que Transcende Gerações

Três décadas depois, "Uma Linda Mulher" continua a encantar novas gerações, inspirando moda, diálogos e até mesmo produções teatrais. Em agosto de 2018, "Pretty Woman: The Musical" estreou na Broadway após quatro anos de desenvolvimento, trazendo a história amada para os palcos com novos talentos interpretando os papéis icônicos.

O título do filme vem da canção "Oh, Pretty Woman" de Roy Orbison, que está presente na trilha sonora. Esta conexão com a música popular ajudou a solidificar ainda mais o filme na cultura pop. Julia Roberts, que recebeu apenas $300.000 pelo papel (em comparação com os $17 milhões que ganharia anos depois em "Noiva em Fuga"), viu sua carreira decolar de forma meteórica.

Algumas marcas de carros como Ferrari e Porsche recusaram pedidos para que seus veículos aparecessem no filme, pois não queriam suas marcas associadas à solicitação de prostitutas. Edward acabou dirigindo um carro esportivo da Lotus Cars, demonstrando como até mesmo grandes marcas tinham receios sobre a natureza do enredo.

Mais que uma simples comédia romântica, "Uma Linda Mulher" representou uma mudança na forma como histórias de amor eram contadas em Hollywood. Abordando temas como diferenças de classe, julgamento social e transformação pessoal, o filme conseguiu equilibrar elementos de conto de fadas com realidades mais ásperas, criando uma narrativa que continua relevante mesmo após tantos anos. Para os fãs que desejam assistir novamente a este clássico, diversas plataformas de streaming disponibilizam o título regularmente.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.