9 Tipos de Enxaqueca: Como identificar seus sintomas e encontrar o tratamento adequado
Descubra os diferentes tipos de enxaqueca, desde a mais comum até as raras variantes como a hemiplégica. Aprenda a reconhecer os sintomas específicos e quando procurar ajuda médica especializada.
A enxaqueca é um distúrbio neurológico complexo que vai muito além de uma simples dor de cabeça. Afetando até 12% da população mundial, é a segunda maior causa de incapacidade em todo o mundo. Caracterizada por episódios de dor intensa, geralmente acompanhados por náusea e sensibilidade à luz ou som, a enxaqueca pode se manifestar de diversas formas, cada uma com suas próprias características e sintomas específicos.
Compreender qual tipo de enxaqueca você experimenta é fundamental para um tratamento eficaz. Os especialistas identificam nove tipos principais, cada um com suas particularidades. Reconhecer os padrões e gatilhos pode fazer toda a diferença no controle e prevenção dos episódios, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
O diagnóstico preciso, feito por um neurologista, permite desenvolver um plano de tratamento personalizado, considerando tanto medicamentos para crises agudas quanto estratégias preventivas. Aproximadamente 76% das pessoas com enxaqueca têm gatilhos identificáveis que, quando evitados, podem reduzir a frequência e intensidade das crises.
[image][creditos='Divulgação']
Enxaqueca Sem Aura: O Tipo Mais Comum
A enxaqueca sem aura representa cerca de 75% de todos os casos e se caracteriza pela ausência de alterações sensoriais prévias ao episódio de dor. Este tipo tem forte componente genético, sendo mais frequente em pessoas cujos pais também sofrem do problema. Os pesquisadores acreditam que sua causa esteja relacionada à ativação do nervo trigêmeo, responsável pela transmissão de sinais de dor na cabeça e face.
Os episódios tipicamente se desenvolvem em três fases distintas. A fase prodrômica apresenta sintomas como bocejos frequentes, alterações de humor, rigidez no pescoço, fadiga, sede aumentada e dificuldade de concentração. Durante a fase de dor, o paciente experimenta dor pulsante unilateral que piora com movimentos da cabeça, sensibilidade à luz, sons ou cheiros, náusea, vômitos e, por vezes, lacrimejamento.
A fase final, conhecida como pós-dromo ou "ressaca da enxaqueca", ocorre após a diminuição da dor e pode causar sonolência, sensibilidade ao ruído e dificuldade de concentração. Um episódio completo pode durar de 4 a 72 horas. O reconhecimento precoce dos sintomas é crucial, pois os medicamentos geralmente são mais eficazes quando administrados no início do ataque.
- Duração típica: 4-72 horas
- Característica principal: Dor pulsante unilateral sem alterações sensoriais prévias
- Tratamento: Mais eficaz quando iniciado nos primeiros sinais
Enxaqueca Com Aura: Quando os Sentidos São Afetados
Aproximadamente 25% das pessoas com enxaqueca experimentam a aura, uma alteração temporária e reversível dos sentidos que precede ou acompanha a dor. Em 90% dos casos, a aura afeta a visão, mas também pode interferir na sensação corporal ou na fala. Estes sintomas são provavelmente causados por uma onda lenta de alterações elétricas que se move pelo cérebro, um fenômeno chamado depressão cortical alastrante.
A predisposição à enxaqueca com aura tem forte componente familiar. Se um parente experimenta auras, você tem maior probabilidade de também apresentá-las. As auras geralmente duram de 5 a 60 minutos e normalmente aparecem antes do início da dor de cabeça, embora algumas pessoas as experimentem simultaneamente à dor.
Os sintomas da aura se desenvolvem gradualmente, em vez de aparecerem todos de uma vez. Além dos sintomas típicos da enxaqueca sem aura, a enxaqueca com aura pode incluir alterações visuais (como visão embaçada, pontos escuros, luzes cintilantes, linhas em zigue-zague ou formas coloridas), alterações sensoriais (como formigamento ou dormência no corpo, rosto ou dedos) e alterações na fala (como dificuldade para articular palavras ou encontrar as palavras certas).
Para diagnosticar corretamente este tipo de enxaqueca, é importante descrever detalhadamente ao médico como a aura se manifesta, incluindo a sequência dos sintomas e sua duração. O tratamento pode incluir medicamentos específicos que atuam não apenas na dor, mas também nos sintomas neurológicos transitórios.
Variantes Menos Conhecidas: Enxaqueca Vestibular e Menstrual
A enxaqueca vestibular representa 25% das dores de cabeça atendidas em clínicas especializadas. Embora os pesquisadores não tenham certeza sobre sua causa exata, acredita-se que esteja relacionada a problemas na estrutura do ouvido interno. A maioria dos pacientes são mulheres com menos de 40 anos, especialmente aquelas que sofrem de ansiedade, depressão ou têm histórico de trauma craniano.
Os ataques de enxaqueca vestibular podem durar de cinco minutos a 72 horas e se caracterizam por dor de cabeça pulsante unilateral, sensibilidade à luz e som, alterações visuais, vertigem, enjoo de movimento, tontura e náusea. Os sintomas tipicamente pioram com movimentos da cabeça, o que pode ser particularmente incapacitante durante as atividades diárias.
Já a enxaqueca menstrual ocorre em relação ao ciclo menstrual, geralmente dois dias antes do período e até três dias durante o mesmo. Os pesquisadores acreditam que as alterações nos níveis de estrogênio nesse período podem desencadear diretamente neurotransmissores cerebrais relacionados à enxaqueca. Os sintomas incluem dor de cabeça pulsante unilateral que dura aproximadamente um dia, náusea, sensibilidade à luz e dor ao toque leve.
O tratamento destas variantes pode incluir medicamentos específicos para vertigem no caso da enxaqueca vestibular, ou terapia hormonal para enxaquecas menstruais. Em ambos os casos, identificar e evitar gatilhos específicos pode reduzir significativamente a frequência dos episódios.
| Tipo de Enxaqueca | Sintomas Distintos | Duração Típica |
|---|---|---|
| Vestibular | Vertigem, enjoo de movimento, tontura | 5 minutos a 72 horas |
| Menstrual | Relacionada ao ciclo, dor ao toque leve | Aproximadamente 24 horas |
Condições Crônicas e Raras: Da Enxaqueca Crônica à Hemiplégica
A enxaqueca crônica afeta cerca de 1% da população global e é diagnosticada quando uma pessoa experimenta dores de cabeça por pelo menos 15 dias por mês, sendo que em pelo menos oito desses dias as dores têm intensidade de enxaqueca. Este padrão deve persistir por pelo menos três meses consecutivos. Além dos sintomas típicos de enxaqueca, pacientes com a forma crônica podem experimentar alterações intestinais, como diarreia frequente.
A enxaqueca abdominal causa dor estomacal intensa, geralmente acompanhada de dores de cabeça. É mais comum em crianças do que em adultos, afetando cerca de 9% dos pequenos, especialmente aqueles com histórico familiar de outros tipos de enxaqueca. A maioria não continua a apresentar sintomas na idade adulta. Diferentemente de outros tipos, a enxaqueca abdominal não parece ter gatilhos fortes identificáveis.
A enxaqueca hemiplégica é uma forma rara que afeta apenas 0,01% da população. Causa fraqueza unilateral como uma aura motora e tem forte conexão genética, estando ligada a genes específicos. A maioria das pessoas experimenta seu primeiro ataque entre 12 e 17 anos. Os sintomas, que podem assemelhar-se a um AVC, geralmente duram várias horas ou dias, mas em casos raros podem persistir por até um mês.
Duas outras variantes raras são a enxaqueca com aura sem dor de cabeça (ou enxaqueca silenciosa), que afeta 3% das mulheres e 1% dos homens, e a enxaqueca retiniana, que causa perda temporária de visão junto com a dor de cabeça. Esta última geralmente começa na casa dos 20 anos e atinge seu pico na década de 40, podendo ser desencadeada por pressão alta, curvatura, baixa de açúcar no sangue ou desidratação.
Para formas raras e crônicas, o acompanhamento neurológico regular é essencial. Em casos de enxaqueca hemiplégica severa, que pode causar complicações graves como lesão cerebral permanente, é fundamental buscar ajuda imediata ao experimentar paralisia unilateral e consciência prejudicada.
Diagnóstico e Tratamento: Quando Procurar Ajuda Especializada
Se você apresenta sintomas de enxaqueca, é importante consultar um neurologista, médico especializado no tratamento do cérebro e sistema nervoso. O diagnóstico geralmente é feito através de exame clínico e discussão detalhada dos sintomas. É recomendável ir preparado com informações sobre seu padrão de dor e outros sintomas associados.
Para gerenciar uma enxaqueca atual, seu neurologista pode recomendar medicamentos como triptanos, anti-inflamatórios não esteroidais (como ibuprofeno ou paracetamol), gepants ou antieméticos. Para a prevenção, podem ser indicados betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, topiramato ou amitriptilina. Em alguns casos, tratamentos inovadores como injeções de toxina botulínica ou anticorpos monoclonais têm mostrado resultados promissores.
A prevenção da enxaqueca inclui identificação e evitação de gatilhos como estresse, intensidade emocional, esforço físico ou exercício, alterações no sono, luzes brilhantes e trauma craniano. Terapias complementares como acupuntura, meditação e suplementação com magnésio também podem ajudar a reduzir a frequência dos episódios em alguns pacientes.
O acompanhamento regular com um especialista pode fazer grande diferença no controle dos sintomas. O tratamento adequado não apenas alivia a dor durante as crises, mas pode prevenir futuros episódios, melhorando significativamente a qualidade de vida. Lembre-se de que cada pessoa responde de maneira diferente aos tratamentos, e pode ser necessário experimentar diferentes abordagens até encontrar a combinação ideal para seu caso específico.

